terça-feira, 16 de junho de 2015

Entre um e outro talvez

Responder quem somos é – veja que não usei o advérbio talvez – uma das tarefas mais difíceis que existem, pois nunca vamos querer expor um lado nosso que não gostamos, principalmente para algo tão longínquo como a internet. Contudo, há alguns dias, quando remexia em textos do primeiro ano de faculdade, encontrei um bom gancho para esta malfadada missão. Vamos lá:

"Às vezes extrovertido. Às vezes tímido. Sempre sincero! Tenho vinte anos completos, e talvez só isso de completo. Sou meio loiro, meio gordo, meio jornalista, ainda. Nunca fui bom com as palavras faladas, mas sempre me encantei com as escritas; viajo com elas! Meu sangue italiano me fez palmeirense fanático, temperamental; o português ainda não sei, talvez um dia queira desbravar o mundo. Já quis ser dentista, músico, já não soube para onde correr. A MPB uma herança dos meus pais, o Rock 'n' Roll uma herança da vida. De cada dez palavras que saem da minha boca pelo menos cinco estão entre mano, 'véio' ou algum palavrão qualquer. Isso é ruim? Acho que se enquadra no meu corpo perfurado por piercings e rabiscado por tatuagens”.

Talvez – olha só quem apareceu – somente após observar uma produção antiga conseguimos refletir sobre o que éramos e como podemos nos metamorfosear, ou não, em apenas quatro anos (ou 8, ou 20). Um exemplo banal: meu corpo não é mais perfurado por piercings e os rabiscos de tatuagens eram apenas mais um desejo juvenil que ficou para trás, de braços dados com os manos e os ‘véios’. Isso é evolução ou apenas um abandono de ideais? Ainda não sei a resposta.

No mais, de forma geral, não mudaria a maioria do que foi posto nessa descrição feita em uma tarde de aula no Mackenzie. Provavelmente alteraria, apenas, a intensidade de cada característica em minha vida atualmente e acrescentaria uma maior habilidade em lidar com entreveros; o que, inevitavelmente, só ganhamos com o passar dos anos.

Independente do talvez, ou da falta dele, agora falo com toda a certeza que apesar do meu diploma continuo sendo um ‘meio jornalista’ e provavelmente o serei até o dia em que não terei mais aptidão ou sanidade suficiente para escrever um texto tão agradável como este. Afinal, sempre temos muito a aprender.

Viver com o jornalismo é estar todos os dias aberto e disposto a invadir um mundo que não necessariamente faria parte de sua rotina e desvendar todas as cavidades do nosso objeto de estudo. E aí, meu amigo, é que está, em minha opinião, todo o prazer do jornalismo e de ser jornalista: a degustação do diferente e a caça pelo desconhecido.
Não vou mentir e dizer que desde criancinha sonhava em ser jornalista, e fingia ser repórter ou fazia um jornalzinho com as últimas notícias do que sairia para o jantar em família. Escolhi tal carreira, à priori, por conta do meu gosto pela escrita, paixão que nasceu na fase final de minha adolescência e aumentou após várias leituras.

Com o passar dos anos de estudo na faculdade e a vivência no apaixonante caos de uma redação, apesar de algumas decepções e vislumbres que não se concretizaram, pude, então, ter o privilégio de adquirir o sonho de ser jornalista e me encantar com esse mundo cercado pelo imprevisível.

Minha curta, porém proveitosa, carreira de jornalista já me propôs experiências de conhecer outros mundos que nunca pensei um dia poder viver, como lidar com pessoas da periferia de São Paulo, conhecendo seus problemas, e aprender a fundo sobre a cultura islâmica.

Talvez – este com um viés de certamente – um dia me torne um poeta ou escritor, mas isso são planos para quando me restarem poucos cabelos na cabeça e minha barriga estiver ainda mais proeminente. Contudo, isso é um assunto para outros 4 mil caracteres. Nos próximos bons anos quero viver e aprender intensamente com o jornalismo.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ossos verdadeiros são soluções para implantes dentários

Algumas pessoas que ficaram durante um longo período sem um ou mais dentes sofrem com a reabsorção óssea na região da gengiva devido à falta de estímulo dos dentes. Isso acontece porque o organismo entende que não é necessário manter uma estrutura que não tem uso para o corpo.

Para esses casos, são indicados os procedimentos de enxerto ósseo na região sob a gengiva, exatamente no lugar onde ocorreu a reabsorção, para que seja estimulada a formação de uma nova estrutura de osso que possa comportar um implante dentário.

Atualmente, existem dois tipos de enxertos que são indicados para as pessoas que desejam novamente ter uma “boca cheia de dentes”. Um deles utiliza farelo de osso bovino, e é chamado de enxerto exógeno. Outra opção é o enxerto autógeno, que provém de ossos humanos, dos próprios pacientes ou não.

O procedimento utilizando o osso bovino é feito por meio da inserção de farelo do osso do animal sob a gengiva, para estimular a criação de uma nova estrutura óssea, e esse farelo de osso provém de um novilho. “O enxerto bovino ou Xenógeno é muito utilizado em casos de levantamento de seio e quando precisamos cobrir algum implante que ficou exposto por falta de osso, mas em apenas algumas faces” afirma a cirurgiã - dentista Amarilis Maria Ribeiro. “É um osso particulado ou em bloco, que é tirado do fêmur ou tíbia do animal jovem”, completa a dentista.

Diferentemente de alguns procedimentos que inserem corpos diferentes dentro do organismo, como no caso de transplante de órgãos, é muito raro o risco de que haja rejeição. Segundo Amarilis, “o osso enxertado é apenas um indutor que estimula as células a formarem mais osso. O enxerto dar certo ou não, varia de acordo com o organismo de cada paciente, mas no geral não há rejeição a esse processo”.

A dona de casa Maria Gorete Pereira, 56 anos, passou por esse procedimento há cerca de 4 anos e conta que ficou um pouco com o “pé atrás” quando o dentista disse a ela como seria a cirurgia, mas que no final deu tudo certo. “É estranho você ouvir que vão colocar um osso de um animal na sua boca”, afirma Maria. “Mas no final o dentista me explicou tudo e que era supernormal esse tipo de procedimento. Ainda bem que deu tudo certo e conseguimos fazer o implante”, finalizou a dona de casa.

Contudo, esse procedimento não é indicado para todos os casos de reabsorção óssea sob a gengiva. “O enxerto bovino é indicado apenas em casos de levantamento de seio e preenchimentos pequenos de falhas ósseas”, afirma Amarilis. Em casos de reabsorções maiores, os dentistas têm de utilizar pedaços maiores de osso, e nesses casos são usados ossos humanos, o que é chamado de enxerto autógeno.

Esse outro tipo de implante pode ser um pouco mais invasivo, porque é necessário que seja retirado um pedaço de osso de outra parte do corpo da pessoa para, posteriormente, poder implantá-lo na boca do paciente. Esse pedaço de osso pode vir da própria boca ou de outras partes do corpo, como do crânio, das costelas, da tíbia ou da bacia.

De acordo com o cirurgião-dentista Antonio Bifulco, “quando o osso provém da boca, é o próprio dentista quem faz a cirurgia, mas quando ele vem de outras partes do corpo é necessário que um ortopedista seja chamado para que, dentro de um ambiente hospitalar, faça o procedimento para retirar um pedaço de osso”.

Caso o paciente queira evitar mais uma operação, o osso que será enxertado pode ser conseguido em um banco de ossos, que é um lugar para onde vão os tecidos ósseos retirados de pacientes que fazem implantes de próteses na cabeça do fêmur, por exemplo, e lá ficam para serem doados para pacientes que deles necessitam, como as pessoas que buscam implantes dentários.

Na opinião do cirurgião-dentista Antonio, o enxerto autógeno com o próprio osso do paciente é a melhor escolha tanto para o dentista, como para o paciente, porque “não existe nenhum risco de rejeição, mas há grandes chances de que em vez de formar um novo osso, o que colocamos pode ser, também, absorvido pelo corpo. Por isso quanto menos estranho o corpo enxertado melhor”. Antonio ainda completa dizendo que “mesmo o osso do paciente não é uma garantia de sucesso, mas atualmente o enxerto antes do implante é a única opção para quem deseja voltar a ter os dentes e não tem uma estrutura óssea suficiente no local onde serão colocados os pinos”.

Após feito o enxerto, o tempo para a formação de uma nova estrutura óssea no local pode demorar entre 6 e 9 meses. Segundo Antonio Bifulco, não há um estudo que comprove uma maior eficácia do enxerto autógeno, mas pela sua experiência, ele costuma ser mais rápido e mais eficiente que o enxerto que utiliza o osso bovino.