segunda-feira, 14 de março de 2016

Catarata é a maior responsável pela cegueira no planeta

Somente em território brasileiro, doença ganha mais de 100 mil novos casos todos os anos



Diagnosticada em decorrência do aumento da opacidade no cristalino (estrutura ocular que permite a passagem de luz à retina, onde são formadas as imagens), a catarata aflige cerca de dois milhões de brasileiros, com aproximadamente 120 mil novos casos todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a entidade, 51% dos casos de cegueira completa no mundo, num universo de 39 milhões de afetados, são causados pela catarata.

A doença ocorre, em sua forma mais comum, devido à idade e pode ser classificada como um processo natural que o corpo humano sofrerá, com variado grau de degeneração em cada pessoa. A catarata senil, recorrente a partir dos 50 anos, abrange aproximadamente 85% das ocorrências da doença no Brasil.

Outros fatores, entre eles a diabetes, traumas na região dos olhos, exposição a radiações, principalmente o raio-x ou UV, e até mesmo a ingestão de determinados medicamentos, como corticoides, podem originar a chamada catarata secundária. Crianças também são afetadas pela moléstia e existem casos de pessoas nascidas com a catarata congênita, de origem genética, mas que também pode ser desenvolvida por infecções intrauterinas, como a rubéola e sífilis.

Entre os principais indicativos de que um problema de visão pode ser associado à catarata estão enxergar de forma turva ou com pouca nitidez e uma maior sensibilidade à luz. Ao perceber tais sintomas, o paciente deve procurar um oftalmologista para fazer um diagnóstico preciso.

Contudo, por ser uma doença de lento avanço e não detectável a olho nu, muitas pessoas demoram para procurar um profissional especializado. Segundo Newton Kara-José, na pesquisa “Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos”, a demora dos diagnósticos ocorre, segundo os entrevistados pelo pesquisador que procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS), por dificuldades financeiras ou por os pacientes acreditarem que ainda têm uma boa visão. Outro fator a ser destacado como uma dificuldade para a detecção da doença é o medo dos pacientes em caso de uma possível cirurgia.

Como prevenção ao avanço mais rápido da catarata, é indicado o uso de óculos, escuros e de grau, com proteção contra raios UV e evitar o uso abusivo de colírios e medicamentos que comprovadamente possam acelerar tal processo.

A única forma de cura para a catarata é um procedimento cirúrgico que retira o cristalino, já opaco, e insere em seu lugar uma lente intraocular. Existem técnicas variadas de operação e diferentes tipos de lentes, que são escolhidas de acordo com o perfil do paciente, traçado a partir do grau da doença e a saúde do indivíduo. O procedimento dura, em média, de 15 a 30 minutos e a anestesia é local.

O Ministério da Saúde e dos Municípios, a partir da Política Nacional de Acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, efetua mutirões para realizar cirurgias de média complexidade. A operação de catarata é o procedimento mais procurado do programa e em 2012, último ano com dados divulgados em âmbito nacional, mais de 400 mil pessoas foram operadas pelo SUS.

domingo, 13 de março de 2016

Reflexão dos anos a mais

De forma quase imperceptível, nossos anos vão se esvaindo na mesmo proporção de que deixamos para trás, pelo menos do convívio diário, pessoas queridas. As quais, juntos, vivenciamos situações onde, quando lembramos, muitas vezes de forma nostálgica, nos faz refletir sobre como evoluímos como ser humano.

Uma lembrança da adolescência tem muito valor e sempre será guardada com carinho, acompanhada de um sorriso de canto de boca e um olhar para o nada ao ser revivida num daqueles momentos de ‘cabeça vazia’ muito frequentes no transporte público, ao menos para mim.

A saudade é realmente grande. E isso não está ligado umbilicalmente ao fato de sua vida estar menos emocionante e mais cheia de atribulações, afinal, provavelmente daqui a 10 anos você também lembrará dos dias de hoje com esse mesmo pequenino aperto no lado esquerdo da região torácica (não falarei coração porque este texto já ficou demasiado emocional).

Deixando de lado as mudanças físicas, como menos cabelo e mais tecido adiposo – desabafo –, nossa cabeça está sempre evoluindo e criando julgamentos diferentes a cada mês, dia ou segundo em que nos tornamos mais velhos. Se existisse uma impressora que relatasse cada reflexão nossa, iria faltar papel no mundo e provavelmente ela seria contaminada com o vírus da nossa loucura.

Tomar uma cerveja no posto de gasolina com os amigos era excitante, hoje seria deprimente. Julgar uma garota somente pela beleza parecia naturalmente essencial, mas alguns anos a mais ensinam a enxergar através de uma possível futilidade. Com a idade que temos hoje, nos imaginávamos seres muito mais – perdão – fodas e felizes numa redoma de vida perfeita, contudo, agora constatamos que a perfeição nunca chegará e as decepções são túmulos que escavamos para escapar rumo à sobrevivência, com uma assiduidade aterradora.

A inocência já foi uma virtude virulenta, e como eram bons aqueles saudosos tempos. Aqui, o cuidado deve ser posto como uma placa fosforescente enterrada diante de nossos olhos, porque o realismo não deve ser confundido com desesperança e se apegar ao passado nunca deu a ninguém um futuro. Cada tijolo que constrói nossa vida representa uma fase. Pode ser bom, pode ser ruim, mas isso nos manterá de pé.

Extremamente piegas, mas real.

E no entardecer do dia, ou quem sabe de uma vida, nossa massa cinzenta, tão cruel algumas vezes, queima sua energia para relembrar aqueles momentos dignos de um sorriso de canto de boca. Que no passado, talvez, foram situações que deixaram sua barriga doer de tanto rir, mas isso só mostra nossa constante mutação como seres humanos rumo ao mistério do que estamos nos tornando como indivíduos.