quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ossos verdadeiros são soluções para implantes dentários

Algumas pessoas que ficaram durante um longo período sem um ou mais dentes sofrem com a reabsorção óssea na região da gengiva devido à falta de estímulo dos dentes. Isso acontece porque o organismo entende que não é necessário manter uma estrutura que não tem uso para o corpo.

Para esses casos, são indicados os procedimentos de enxerto ósseo na região sob a gengiva, exatamente no lugar onde ocorreu a reabsorção, para que seja estimulada a formação de uma nova estrutura de osso que possa comportar um implante dentário.

Atualmente, existem dois tipos de enxertos que são indicados para as pessoas que desejam novamente ter uma “boca cheia de dentes”. Um deles utiliza farelo de osso bovino, e é chamado de enxerto exógeno. Outra opção é o enxerto autógeno, que provém de ossos humanos, dos próprios pacientes ou não.

O procedimento utilizando o osso bovino é feito por meio da inserção de farelo do osso do animal sob a gengiva, para estimular a criação de uma nova estrutura óssea, e esse farelo de osso provém de um novilho. “O enxerto bovino ou Xenógeno é muito utilizado em casos de levantamento de seio e quando precisamos cobrir algum implante que ficou exposto por falta de osso, mas em apenas algumas faces” afirma a cirurgiã - dentista Amarilis Maria Ribeiro. “É um osso particulado ou em bloco, que é tirado do fêmur ou tíbia do animal jovem”, completa a dentista.

Diferentemente de alguns procedimentos que inserem corpos diferentes dentro do organismo, como no caso de transplante de órgãos, é muito raro o risco de que haja rejeição. Segundo Amarilis, “o osso enxertado é apenas um indutor que estimula as células a formarem mais osso. O enxerto dar certo ou não, varia de acordo com o organismo de cada paciente, mas no geral não há rejeição a esse processo”.

A dona de casa Maria Gorete Pereira, 56 anos, passou por esse procedimento há cerca de 4 anos e conta que ficou um pouco com o “pé atrás” quando o dentista disse a ela como seria a cirurgia, mas que no final deu tudo certo. “É estranho você ouvir que vão colocar um osso de um animal na sua boca”, afirma Maria. “Mas no final o dentista me explicou tudo e que era supernormal esse tipo de procedimento. Ainda bem que deu tudo certo e conseguimos fazer o implante”, finalizou a dona de casa.

Contudo, esse procedimento não é indicado para todos os casos de reabsorção óssea sob a gengiva. “O enxerto bovino é indicado apenas em casos de levantamento de seio e preenchimentos pequenos de falhas ósseas”, afirma Amarilis. Em casos de reabsorções maiores, os dentistas têm de utilizar pedaços maiores de osso, e nesses casos são usados ossos humanos, o que é chamado de enxerto autógeno.

Esse outro tipo de implante pode ser um pouco mais invasivo, porque é necessário que seja retirado um pedaço de osso de outra parte do corpo da pessoa para, posteriormente, poder implantá-lo na boca do paciente. Esse pedaço de osso pode vir da própria boca ou de outras partes do corpo, como do crânio, das costelas, da tíbia ou da bacia.

De acordo com o cirurgião-dentista Antonio Bifulco, “quando o osso provém da boca, é o próprio dentista quem faz a cirurgia, mas quando ele vem de outras partes do corpo é necessário que um ortopedista seja chamado para que, dentro de um ambiente hospitalar, faça o procedimento para retirar um pedaço de osso”.

Caso o paciente queira evitar mais uma operação, o osso que será enxertado pode ser conseguido em um banco de ossos, que é um lugar para onde vão os tecidos ósseos retirados de pacientes que fazem implantes de próteses na cabeça do fêmur, por exemplo, e lá ficam para serem doados para pacientes que deles necessitam, como as pessoas que buscam implantes dentários.

Na opinião do cirurgião-dentista Antonio, o enxerto autógeno com o próprio osso do paciente é a melhor escolha tanto para o dentista, como para o paciente, porque “não existe nenhum risco de rejeição, mas há grandes chances de que em vez de formar um novo osso, o que colocamos pode ser, também, absorvido pelo corpo. Por isso quanto menos estranho o corpo enxertado melhor”. Antonio ainda completa dizendo que “mesmo o osso do paciente não é uma garantia de sucesso, mas atualmente o enxerto antes do implante é a única opção para quem deseja voltar a ter os dentes e não tem uma estrutura óssea suficiente no local onde serão colocados os pinos”.

Após feito o enxerto, o tempo para a formação de uma nova estrutura óssea no local pode demorar entre 6 e 9 meses. Segundo Antonio Bifulco, não há um estudo que comprove uma maior eficácia do enxerto autógeno, mas pela sua experiência, ele costuma ser mais rápido e mais eficiente que o enxerto que utiliza o osso bovino.

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