segunda-feira, 14 de março de 2016

Catarata é a maior responsável pela cegueira no planeta

Somente em território brasileiro, doença ganha mais de 100 mil novos casos todos os anos



Diagnosticada em decorrência do aumento da opacidade no cristalino (estrutura ocular que permite a passagem de luz à retina, onde são formadas as imagens), a catarata aflige cerca de dois milhões de brasileiros, com aproximadamente 120 mil novos casos todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a entidade, 51% dos casos de cegueira completa no mundo, num universo de 39 milhões de afetados, são causados pela catarata.

A doença ocorre, em sua forma mais comum, devido à idade e pode ser classificada como um processo natural que o corpo humano sofrerá, com variado grau de degeneração em cada pessoa. A catarata senil, recorrente a partir dos 50 anos, abrange aproximadamente 85% das ocorrências da doença no Brasil.

Outros fatores, entre eles a diabetes, traumas na região dos olhos, exposição a radiações, principalmente o raio-x ou UV, e até mesmo a ingestão de determinados medicamentos, como corticoides, podem originar a chamada catarata secundária. Crianças também são afetadas pela moléstia e existem casos de pessoas nascidas com a catarata congênita, de origem genética, mas que também pode ser desenvolvida por infecções intrauterinas, como a rubéola e sífilis.

Entre os principais indicativos de que um problema de visão pode ser associado à catarata estão enxergar de forma turva ou com pouca nitidez e uma maior sensibilidade à luz. Ao perceber tais sintomas, o paciente deve procurar um oftalmologista para fazer um diagnóstico preciso.

Contudo, por ser uma doença de lento avanço e não detectável a olho nu, muitas pessoas demoram para procurar um profissional especializado. Segundo Newton Kara-José, na pesquisa “Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos”, a demora dos diagnósticos ocorre, segundo os entrevistados pelo pesquisador que procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS), por dificuldades financeiras ou por os pacientes acreditarem que ainda têm uma boa visão. Outro fator a ser destacado como uma dificuldade para a detecção da doença é o medo dos pacientes em caso de uma possível cirurgia.

Como prevenção ao avanço mais rápido da catarata, é indicado o uso de óculos, escuros e de grau, com proteção contra raios UV e evitar o uso abusivo de colírios e medicamentos que comprovadamente possam acelerar tal processo.

A única forma de cura para a catarata é um procedimento cirúrgico que retira o cristalino, já opaco, e insere em seu lugar uma lente intraocular. Existem técnicas variadas de operação e diferentes tipos de lentes, que são escolhidas de acordo com o perfil do paciente, traçado a partir do grau da doença e a saúde do indivíduo. O procedimento dura, em média, de 15 a 30 minutos e a anestesia é local.

O Ministério da Saúde e dos Municípios, a partir da Política Nacional de Acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, efetua mutirões para realizar cirurgias de média complexidade. A operação de catarata é o procedimento mais procurado do programa e em 2012, último ano com dados divulgados em âmbito nacional, mais de 400 mil pessoas foram operadas pelo SUS.

domingo, 13 de março de 2016

Reflexão dos anos a mais

De forma quase imperceptível, nossos anos vão se esvaindo na mesmo proporção de que deixamos para trás, pelo menos do convívio diário, pessoas queridas. As quais, juntos, vivenciamos situações onde, quando lembramos, muitas vezes de forma nostálgica, nos faz refletir sobre como evoluímos como ser humano.

Uma lembrança da adolescência tem muito valor e sempre será guardada com carinho, acompanhada de um sorriso de canto de boca e um olhar para o nada ao ser revivida num daqueles momentos de ‘cabeça vazia’ muito frequentes no transporte público, ao menos para mim.

A saudade é realmente grande. E isso não está ligado umbilicalmente ao fato de sua vida estar menos emocionante e mais cheia de atribulações, afinal, provavelmente daqui a 10 anos você também lembrará dos dias de hoje com esse mesmo pequenino aperto no lado esquerdo da região torácica (não falarei coração porque este texto já ficou demasiado emocional).

Deixando de lado as mudanças físicas, como menos cabelo e mais tecido adiposo – desabafo –, nossa cabeça está sempre evoluindo e criando julgamentos diferentes a cada mês, dia ou segundo em que nos tornamos mais velhos. Se existisse uma impressora que relatasse cada reflexão nossa, iria faltar papel no mundo e provavelmente ela seria contaminada com o vírus da nossa loucura.

Tomar uma cerveja no posto de gasolina com os amigos era excitante, hoje seria deprimente. Julgar uma garota somente pela beleza parecia naturalmente essencial, mas alguns anos a mais ensinam a enxergar através de uma possível futilidade. Com a idade que temos hoje, nos imaginávamos seres muito mais – perdão – fodas e felizes numa redoma de vida perfeita, contudo, agora constatamos que a perfeição nunca chegará e as decepções são túmulos que escavamos para escapar rumo à sobrevivência, com uma assiduidade aterradora.

A inocência já foi uma virtude virulenta, e como eram bons aqueles saudosos tempos. Aqui, o cuidado deve ser posto como uma placa fosforescente enterrada diante de nossos olhos, porque o realismo não deve ser confundido com desesperança e se apegar ao passado nunca deu a ninguém um futuro. Cada tijolo que constrói nossa vida representa uma fase. Pode ser bom, pode ser ruim, mas isso nos manterá de pé.

Extremamente piegas, mas real.

E no entardecer do dia, ou quem sabe de uma vida, nossa massa cinzenta, tão cruel algumas vezes, queima sua energia para relembrar aqueles momentos dignos de um sorriso de canto de boca. Que no passado, talvez, foram situações que deixaram sua barriga doer de tanto rir, mas isso só mostra nossa constante mutação como seres humanos rumo ao mistério do que estamos nos tornando como indivíduos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

União, organização e São Bernardo FC

Com esforço e poucos recursos, o time mais jovem do Grande ABC luta para alcançar o topo

“Não temos a intenção de ser o primeiro time de ninguém”. São as palavras pronunciadas pelo Diretor de Marketing do São Bernardo Futebol Clube, Thiago Ferreira, 21, dentro de seu escritório, num sobrado meio escondido, onde funciona a sede da diretoria do clube do Grande ABC. Lá, nada se vê de faixas ou placas com o nome do clube, a não ser uma Kombi estacionada bem em frente pintada com as cores preta, branca e amarela com um grande Tigre, o mascote do time, desenhado.

O “Bernô”, como é carinhosamente chamado pelos seus torcedores, é o clube mais jovem a conseguir disputar a série A1 do Campeonato Paulista. Com a marca de três acessos em apenas cinco anos, o time fundado em 2004 disputou a primeira divisão do Paulistão de 2011, mas foi rebaixado no mesmo ano, ainda que só perdesse para os quatro grandes do estado. O “Tigre do ABC” teve a quarta maior presença de público do campeonato com uma média de onze mil pessoas por jogo antes das finais do Paulistão, inclusive conseguindo ficar à frente do Santos. Atualmente o clube joga a Copa Paulista, e chega a atingir números de dois mil torcedores por jogo.

O palmeirense Vinícius Prudencio, que também é torcedor do “Bernô” por ser time da sua cidade, mesmo não indo ao estádio desde que acabou o Campeonato Paulista, acompanha o site do clube e confirma que a cidade abraçou o time. “Entro no site deles vira e mexe, mas desde que acabou o campeonato paulista que eu não vou ao estádio. Mas com certeza que a cidade abraçou o time, porque no ano passado quando estava pra subir, o estádio sempre lotava e chegou a ter facilmente treze mil pessoas. Esse ano não foi diferente, durante o paulistão todos os jogos estavam realmente lotados”, afirma o estudante de Ciências da Computação de 21 anos.

Depois de sentir o “gostinho” e as vantagens de se disputar um campeonato com visibilidade nacional, agora o São Bernardo FC tem de novo a missão de conseguir voltar à elite com valores arrecadados muito abaixo dos que recebia na última temporada.
De acordo com dados cedidos por Thiago, a Federação Paulista dá aos times que disputam a série A2 aproximadamente 60 mil reais pelo campeonato, enquanto durante a disputa da série A1 o São Bernardo FC ganhava somente de cotas de televisão Um milhão e quatrocentos mil reais, fora os patrocínios de camisa do banco BMG, da multinacional de materiais esportivos espanhola Kelme (empresa que fez as camisas do Real Madrid no início dos anos 2.000) e placas de estádio que vendem muito mais na elite do campeonato. “Na série A2 se arrecada menos de 30% do que se ganha disputando a série A1”, completa Thiago.

Para fugir do ostracismo e conseguir se manter durante a temporada, o clube usa da criatividade e esforço na busca por ajuda de patrocinadores e sociedades com empresas, como a parceria com a RedeTV+, que transmite todos os jogos do “Bernô” ao longo do ano para o ABC e empresas da região que compram grandes lotes de ingressos para os jogos da temporada e asseguram uma renda fixa e público sempre presente no estádio.
Nos quase sete anos de existência, foi fundado no dia 20 de dezembro de 2004, o São Bernardo FC além de conseguir atingir a elite do futebol do estado de São Paulo, também progrediu na questão estrutural e hoje tem recursos semelhantes ao dos grandes clubes do Brasil, com centro de fisiologia, médicos próprios, centro de treinamento, academia e alojamento.

O São Bernardo FC também tem um papel importante para a cidade, pois realiza um trabalho social chamado “Projeto Tigrinho”, que auxilia 35 escolinhas da região dando a aproximadamente seis mil crianças uniformes, material esportivo e treinos com instrutores.

Caio Sanchez, 18 anos, é um atleta profissional do time de São Bernardo do Campo e confirma que o time disponibiliza uma boa estrutura fundamental para que um bom trabalho seja desempenhado pelos jogadores. “O São Bernardo possui uma estrutura de dar inveja a muitos clubes de maior expressão. Isso devido à grande competência e organização de toda comissão técnica que soube investir e aproveitar ao máximo as condições adquiridas” diz Caio. “Tal comissão é formada por grandes profissionais que, na sua maioria, é composta por ex-jogadores. A estrutura em geral, os alojamentos, o campo, o refeitório, a academia e o departamento médico são todos da melhor qualidade”, completa o jogador que já teve passagem por outro clube da cidade, o Palestra de São Bernardo.

Para Thiago, um dos segredos desse sucesso e dessa organização do clube, é que tudo internamente é muito “casado”, com reuniões frequentes com o Presidente Luiz Fernando Teixeira que deixam acertado tudo que está acontecendo de bom e ruim nos vários departamentos do clube. “Junta todo mundo e perguntamos a cada um o que está tendo de problema nas áreas e lá também já é a hora de dizer ‘você está fazendo tudo errado e está prejudicando a mim e ao clube’. Lavar a roupa suja é ali. Somos todos muito unidos. Aqui todo mundo sabe de tudo que ocorre dentro do clube”, conta Thiago.

Esta organização também se estende entre os técnicos do time profissional e da base. Recentemente no comando do time principal do “Tigre do ABC”, o ex-técnico de Palmeiras, Botafogo e até pouco tempo do Ceará Estevam Soares era obrigado a acompanhar de perto as reuniões com a Diretoria e os treinos da categoria de base, mesmo que um pouquinho a contra gosto. “A gente obrigava ele a assistir aos treinos da base. Ele detestava isso, mas era obrigado porque era lá que o diretor de base avisava sobre determinado jogador que já estava pronto para subir e ele podia olhar o atleta mais de perto”, revela Thiago.

Todo esse rigor e competência têm reflexos nos resultados dentro do campo. Atualmente o time profissional está na Liderança da Copa Paulista e o sub-20 chegou até as quartas de final do Paulistão da categoria, caindo diante do Santos em dois jogos equilibrados. Para Caio, jogador do clube, a competência do São Bernardo pode ser um trampolim para a chegada de seus atletas a grandes clubes, pois “mesmo caindo de divisão, conseguiu mostrar sua força para os grandes e para a mídia. O clube já revelou alguns bons jogadores que estão espalhados pela segunda divisão do nacional”.

Outro orgulho do São Bernardo FC é a inexistente dependência financeira da prefeitura da cidade, diferente do que ocorre com seus irmãos Associação Desportiva São Caetano e Esporte Clube Santo André. A única parceria com o governo da cidade é a cessão do estádio 1º de Maio, que é de uso exclusivo do São Bernardo e gera um gasto mensal de até dez mil reais ao clube com a sua manutenção. Por outro lado, a arena foi reformada recentemente, é a mais moderna do ABC e provavelmente será a subsede de São Paulo na Copa de 2014. Lá será o lugar onde possivelmente ocorrerão os treinos da seleção brasileira, já que o estádio Bruno José Daniel, do Santo André, principal concorrente à vaga de subsede está interditado.

“Este foi o nosso grande ‘BUM’. Foi o auge. Nosso Presidente Luiz Fernando é amigo pessoal dele, e fez o convite para o Lula assistir no estádio o jogo contra o Corinthians. Ele veio e disse que o São Bernardo agora era o segundo time dele”, é o que diz Thiago sobre o evento que fez o pequeno e jovem “Bernô” aparecer nas manchetes de todo o mundo.

Com recém completados seis anos de existência, o time conseguiu o que a maioria dos times brasileiros tradicionais tenta até hoje. Graças a Lula, ganhou as páginas do site da FIFA e do The New York Times com imagens do ex-Presidente do Brasil e “O cara” de Obama com o coração e a camisa divididos entre Corinthians e São Bernardo FC.

Para o futuro, o clube primeiramente pensa continuar conquistando a cidade e num futuro não muito distante atingir a elite do futebol nacional. O projeto inicial de já começar disputando a série D do Brasileirão no segundo semestre foi quebrado por causa do rebaixamento no Campeonato Paulista.

“Nosso projeto é chegar o mais rápido possível à série A do Brasileiro. Não somos uma time que quer apenas lançar jogadores, como outros que preferem disputar campeonatos mais fracos e baratos para fazer caixa com os jogadores que vendem. Nossa meta é fazer futebol e alcançar a elite, ainda mais agora com o São Caetano e o Santo André em baixa”, finaliza Thiago.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Entre um e outro talvez

Responder quem somos é – veja que não usei o advérbio talvez – uma das tarefas mais difíceis que existem, pois nunca vamos querer expor um lado nosso que não gostamos, principalmente para algo tão longínquo como a internet. Contudo, há alguns dias, quando remexia em textos do primeiro ano de faculdade, encontrei um bom gancho para esta malfadada missão. Vamos lá:

"Às vezes extrovertido. Às vezes tímido. Sempre sincero! Tenho vinte anos completos, e talvez só isso de completo. Sou meio loiro, meio gordo, meio jornalista, ainda. Nunca fui bom com as palavras faladas, mas sempre me encantei com as escritas; viajo com elas! Meu sangue italiano me fez palmeirense fanático, temperamental; o português ainda não sei, talvez um dia queira desbravar o mundo. Já quis ser dentista, músico, já não soube para onde correr. A MPB uma herança dos meus pais, o Rock 'n' Roll uma herança da vida. De cada dez palavras que saem da minha boca pelo menos cinco estão entre mano, 'véio' ou algum palavrão qualquer. Isso é ruim? Acho que se enquadra no meu corpo perfurado por piercings e rabiscado por tatuagens”.

Talvez – olha só quem apareceu – somente após observar uma produção antiga conseguimos refletir sobre o que éramos e como podemos nos metamorfosear, ou não, em apenas quatro anos (ou 8, ou 20). Um exemplo banal: meu corpo não é mais perfurado por piercings e os rabiscos de tatuagens eram apenas mais um desejo juvenil que ficou para trás, de braços dados com os manos e os ‘véios’. Isso é evolução ou apenas um abandono de ideais? Ainda não sei a resposta.

No mais, de forma geral, não mudaria a maioria do que foi posto nessa descrição feita em uma tarde de aula no Mackenzie. Provavelmente alteraria, apenas, a intensidade de cada característica em minha vida atualmente e acrescentaria uma maior habilidade em lidar com entreveros; o que, inevitavelmente, só ganhamos com o passar dos anos.

Independente do talvez, ou da falta dele, agora falo com toda a certeza que apesar do meu diploma continuo sendo um ‘meio jornalista’ e provavelmente o serei até o dia em que não terei mais aptidão ou sanidade suficiente para escrever um texto tão agradável como este. Afinal, sempre temos muito a aprender.

Viver com o jornalismo é estar todos os dias aberto e disposto a invadir um mundo que não necessariamente faria parte de sua rotina e desvendar todas as cavidades do nosso objeto de estudo. E aí, meu amigo, é que está, em minha opinião, todo o prazer do jornalismo e de ser jornalista: a degustação do diferente e a caça pelo desconhecido.
Não vou mentir e dizer que desde criancinha sonhava em ser jornalista, e fingia ser repórter ou fazia um jornalzinho com as últimas notícias do que sairia para o jantar em família. Escolhi tal carreira, à priori, por conta do meu gosto pela escrita, paixão que nasceu na fase final de minha adolescência e aumentou após várias leituras.

Com o passar dos anos de estudo na faculdade e a vivência no apaixonante caos de uma redação, apesar de algumas decepções e vislumbres que não se concretizaram, pude, então, ter o privilégio de adquirir o sonho de ser jornalista e me encantar com esse mundo cercado pelo imprevisível.

Minha curta, porém proveitosa, carreira de jornalista já me propôs experiências de conhecer outros mundos que nunca pensei um dia poder viver, como lidar com pessoas da periferia de São Paulo, conhecendo seus problemas, e aprender a fundo sobre a cultura islâmica.

Talvez – este com um viés de certamente – um dia me torne um poeta ou escritor, mas isso são planos para quando me restarem poucos cabelos na cabeça e minha barriga estiver ainda mais proeminente. Contudo, isso é um assunto para outros 4 mil caracteres. Nos próximos bons anos quero viver e aprender intensamente com o jornalismo.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ossos verdadeiros são soluções para implantes dentários

Algumas pessoas que ficaram durante um longo período sem um ou mais dentes sofrem com a reabsorção óssea na região da gengiva devido à falta de estímulo dos dentes. Isso acontece porque o organismo entende que não é necessário manter uma estrutura que não tem uso para o corpo.

Para esses casos, são indicados os procedimentos de enxerto ósseo na região sob a gengiva, exatamente no lugar onde ocorreu a reabsorção, para que seja estimulada a formação de uma nova estrutura de osso que possa comportar um implante dentário.

Atualmente, existem dois tipos de enxertos que são indicados para as pessoas que desejam novamente ter uma “boca cheia de dentes”. Um deles utiliza farelo de osso bovino, e é chamado de enxerto exógeno. Outra opção é o enxerto autógeno, que provém de ossos humanos, dos próprios pacientes ou não.

O procedimento utilizando o osso bovino é feito por meio da inserção de farelo do osso do animal sob a gengiva, para estimular a criação de uma nova estrutura óssea, e esse farelo de osso provém de um novilho. “O enxerto bovino ou Xenógeno é muito utilizado em casos de levantamento de seio e quando precisamos cobrir algum implante que ficou exposto por falta de osso, mas em apenas algumas faces” afirma a cirurgiã - dentista Amarilis Maria Ribeiro. “É um osso particulado ou em bloco, que é tirado do fêmur ou tíbia do animal jovem”, completa a dentista.

Diferentemente de alguns procedimentos que inserem corpos diferentes dentro do organismo, como no caso de transplante de órgãos, é muito raro o risco de que haja rejeição. Segundo Amarilis, “o osso enxertado é apenas um indutor que estimula as células a formarem mais osso. O enxerto dar certo ou não, varia de acordo com o organismo de cada paciente, mas no geral não há rejeição a esse processo”.

A dona de casa Maria Gorete Pereira, 56 anos, passou por esse procedimento há cerca de 4 anos e conta que ficou um pouco com o “pé atrás” quando o dentista disse a ela como seria a cirurgia, mas que no final deu tudo certo. “É estranho você ouvir que vão colocar um osso de um animal na sua boca”, afirma Maria. “Mas no final o dentista me explicou tudo e que era supernormal esse tipo de procedimento. Ainda bem que deu tudo certo e conseguimos fazer o implante”, finalizou a dona de casa.

Contudo, esse procedimento não é indicado para todos os casos de reabsorção óssea sob a gengiva. “O enxerto bovino é indicado apenas em casos de levantamento de seio e preenchimentos pequenos de falhas ósseas”, afirma Amarilis. Em casos de reabsorções maiores, os dentistas têm de utilizar pedaços maiores de osso, e nesses casos são usados ossos humanos, o que é chamado de enxerto autógeno.

Esse outro tipo de implante pode ser um pouco mais invasivo, porque é necessário que seja retirado um pedaço de osso de outra parte do corpo da pessoa para, posteriormente, poder implantá-lo na boca do paciente. Esse pedaço de osso pode vir da própria boca ou de outras partes do corpo, como do crânio, das costelas, da tíbia ou da bacia.

De acordo com o cirurgião-dentista Antonio Bifulco, “quando o osso provém da boca, é o próprio dentista quem faz a cirurgia, mas quando ele vem de outras partes do corpo é necessário que um ortopedista seja chamado para que, dentro de um ambiente hospitalar, faça o procedimento para retirar um pedaço de osso”.

Caso o paciente queira evitar mais uma operação, o osso que será enxertado pode ser conseguido em um banco de ossos, que é um lugar para onde vão os tecidos ósseos retirados de pacientes que fazem implantes de próteses na cabeça do fêmur, por exemplo, e lá ficam para serem doados para pacientes que deles necessitam, como as pessoas que buscam implantes dentários.

Na opinião do cirurgião-dentista Antonio, o enxerto autógeno com o próprio osso do paciente é a melhor escolha tanto para o dentista, como para o paciente, porque “não existe nenhum risco de rejeição, mas há grandes chances de que em vez de formar um novo osso, o que colocamos pode ser, também, absorvido pelo corpo. Por isso quanto menos estranho o corpo enxertado melhor”. Antonio ainda completa dizendo que “mesmo o osso do paciente não é uma garantia de sucesso, mas atualmente o enxerto antes do implante é a única opção para quem deseja voltar a ter os dentes e não tem uma estrutura óssea suficiente no local onde serão colocados os pinos”.

Após feito o enxerto, o tempo para a formação de uma nova estrutura óssea no local pode demorar entre 6 e 9 meses. Segundo Antonio Bifulco, não há um estudo que comprove uma maior eficácia do enxerto autógeno, mas pela sua experiência, ele costuma ser mais rápido e mais eficiente que o enxerto que utiliza o osso bovino.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Aprendendo a fazer jornalismo


Num primeiro momento, pode parecer estranho dizer que os jornalistas e os veículos de comunicação, até mesmo os mais tradicionais, como a Veja e o The New York Times, terão de aprender a fazer jornalismo. Não será discutido aqui se determinado veículo faz mal seu trabalho e deve se reestruturar. Tudo bem, alguns deveriam, mas isso não vem ao caso especificamente nessa publicação.

A questão que envolve o reaprendizado do jornalismo está ligado ao surgimento de novas tecnologias que não permitem o simples ato de transferir o que já é feito no jornalismo impresso ou até mesmo no jornalismo Web para a plataforma de Ipads e Kindles.

Alex Primo, discute no vídeo ‘Jornalismo para Ipad e Kindle’ como vários veículos brasileiros e internacionais estão criando seu conteúdo para essa nova plataforma e, analisando o que é dito por ele, percebe-se que ainda ninguém sabe ao certo como fazer esse jornalismo. Ainda não há um padrão ‘de sucesso’ a ser seguido.

Vemos que os exemplos dados por Alex vão desde a simples transferência do que é produzido no impresso até à criação de uma mentalidade nova de conteúdo para um meio que é mais interativo que um simples pedaço de papel que será usado pelo cachorro da família poucas horas após ser lido.

O que Alex defende eu seu vídeo são essas publicações que se utilizam de várias ferramentas que tornam a reportagem mais interativa e permitem que o leitor ‘brinque’ com o conteúdo que está em suas mãos. De certo modo, os usuário é quem comanda o caminho que deseja seguir para entender sobre o assunto.

Contudo, Alex se esquece de tocar em um ponto importante que talvez seja uma saída mais elaborada e completa que deixaria poucas lacunas a serem preenchidas tanto para o aprendizado dos leitores sobre determinado assunto, quanto para veículo de comunicação que tornariam suas publicações mais versáteis e com uma maior gama de acessos.

Percebe-se que alguns veículos estão um pouco perdidos e, talvez, até um pouco receosos quanto ao futuro do jornalismo. Como Alex disse em seu vídeo, os veículos precisam se adequar às novas tecnologias. O ‘The Telegraph’, por exemplo, preferiu ordenar que seus jornalistas tweetem pelo menos duas vezes por dia. Isso é necessário, mas não uma solução para salvar os jornais.

A melhor saída para o jornalismo para Ipads e Kindles talvez seja fazer uma abordagem em conjunto com as antigas mídias, como o impresso e o vídeo. Como exemplo, pode-se citar uma publicação sobre a Copa do Mundo na Folha de São Paulo falando sobre os estádios que estão sendo construídos.

No Ipad, o leitor poderia ver uma linha do tempo com datas marcantes da construção com uma foto de como o estádio estava naquela data acompanhado de uma breve descrição, que no final levaria para um outro link que mostrasse a construção da obra em tempo real.
Ainda há espaço para inserir uma publicação em formato de rádio ou para alguma rede social, mas o exemplo serve para expor que o usuário pode começar por qualquer uma das três plataformas e provavelmente irá querer acessar o que está na outra publicação, pois não se tratará de três conteúdos repetidos, mas sim publicações complementares que ajudariam o leitor e renderiam mais acessos para o veículo e mais publicidade, já que existiriam mais lugares para anúncios.